A fissura vaginal é uma das queixas mais comuns que ouço no consultório, mas muitas mulheres ainda sentem vergonha de falar sobre o assunto.
Quando atendo uma paciente que chega com dor, ardência e até medo de ter relação sexual por causa da fissura vaginal, eu sempre a acolho e digo: você não está sozinha e não precisa conviver com isso em silêncio. A fissura vaginal, apesar de ser algo que assusta, tem tratamento e merece toda nossa atenção e cuidado.
Muitas vezes, ela aparece de forma silenciosa, como uma pequena dor que vai e volta. Em outros casos, surge depois de uma relação sexual, deixando a mulher insegura, com medo de que a dor volte a se repetir.
E o mais importante: falar sobre isso é o primeiro passo para resolver o problema. Por isso, quero te explicar de forma clara o que é fissura vaginal, por que ela acontece e como podemos tratá-la para que você volte a viver sua vida íntima sem medo e sem dor.
Entendendo o problema que tantas mulheres enfrentam
A fissura vaginal é uma pequena lesão, como um “cortezinho”, que acontece na mucosa da vagina ou da vulva. Ela pode causar ardência, dor ao urinar, desconforto ao sentar, e, principalmente, dor na relação sexual. Muitas mulheres acham que é algo “da cabeça”, mas eu te garanto: é um problema real, que tem causa e precisa de tratamento.
Existem diversas situações que podem favorecer o surgimento da fissura vaginal. Uma das principais é o ressecamento vaginal, muito comum em mulheres na menopausa, pós-parto ou em uso de anticoncepcionais. Mas não só: o estresse, alterações hormonais e até alergias a produtos de higiene íntima podem irritar a mucosa e deixar a região mais vulnerável a essas lesões.
Além disso, mulheres com vaginismo ou com dor na relação (dispareunia) também podem desenvolver fissuras porque o medo e a tensão deixam os músculos da vagina contraídos, dificultando a penetração e facilitando as lacerações. E é por isso que eu sempre falo: fissura vaginal não é “frescura” e precisa ser acolhida com amor e tratamento especializado.
O que causa a fissura vaginal?
Entre as causas mais comuns da fissura vaginal, o ressecamento vaginal está entre os primeiros da lista. Mulheres na menopausa, por exemplo, sofrem muito com a queda do estrogênio, que é o hormônio que mantém a mucosa da vagina lubrificada e elástica. Quando ele diminui, a mucosa fica mais fina, frágil, e pequenas fissuras podem acontecer com facilidade, até mesmo com o atrito de roupas ou durante a higiene íntima.
Outro ponto muito importante são as infecções vaginais, como candidíase ou vaginoses bacterianas. A coceira intensa, o pH alterado e a inflamação deixam a pele mais sensível e suscetível a fissuras. Por isso, se você tem episódios frequentes de candidíase, saiba que isso pode estar por trás da fissura vaginal. Além disso, o uso excessivo de sabonetes íntimos, que alteram o pH da vagina, também contribui para esse problema.
Não podemos esquecer que relações sexuais sem lubrificação adequada são outro fator importante. Muitas mulheres, por vergonha ou por achar que “precisam suportar”, mantêm relações sem estarem devidamente excitadas ou lubrificadas. Isso gera atrito e, com o tempo, fissuras. E é por isso que sempre digo: ninguém deve sentir dor na relação. Se dói, precisamos investigar e tratar!
Sintomas da fissura vaginal
Muitas mulheres demoram para identificar que estão com uma fissura vaginal. Às vezes, a dor aparece só durante o sexo, outras vezes ao urinar ou até ao passar o papel higiênico. Algumas pacientes relatam ardência ao sentar, ou uma sensação de “feridinha” na entrada da vagina. Por isso, é importante prestar atenção nos sinais que o corpo dá.
Um dos sintomas mais relatados é a dor durante ou após o ato sexual, o que gera muito medo de repetir a relação, impactando a vida íntima do casal e a autoestima da mulher. Algumas também sentem coceira ou ardência constante, mesmo sem relação. Isso porque a mucosa fica tão sensível que qualquer contato pode gerar incômodo.
Outro sintoma importante é o pequeno sangramento após o sexo ou ao evacuar, quando a fissura é mais profunda. Por isso, se você percebeu algum desses sinais, saiba que não precisa normalizar essa dor, e o tratamento é possível.
Quais os tratamentos para a fissura vaginal?
O primeiro passo no tratamento da fissura vaginal é entender o que está causando o problema. Se for ressecamento, vamos trabalhar com hidratantes vaginais específicos, hormonais ou não hormonais, que vão devolver a elasticidade e a lubrificação natural da vagina. Existem hidratantes excelentes, como o ácido hialurônico vaginal, que ajudam muito.
Em casos de infecções associadas, como candidíase, é fundamental tratar a infecção antes, para depois cuidar da fissura. E, para as mulheres que têm vaginismo ou dor na relação, o tratamento pode incluir exercícios de fisioterapia pélvica, terapia sexual e, em alguns casos, o uso de laser vaginal para regenerar a mucosa.
O laser íntimo é uma tecnologia maravilhosa que tem trazido ótimos resultados, principalmente quando as fissuras se repetem ou são mais resistentes.
Além disso, conversamos muito sobre o cuidado emocional. A mulher precisa se sentir segura, acolhida e sem culpa. Por isso, o tratamento também inclui orientações sobre a importância da lubrificação adequada, da escolha de produtos íntimos certos e, principalmente, do respeito ao próprio corpo.
Como prevenir a fissura vaginal?
A prevenção da fissura vaginal passa por uma série de cuidados que vão além da saúde física. A primeira dica que sempre dou é: não tenha vergonha de usar lubrificante durante a relação sexual. Lubrificante não é só “para quem tem problema”, é para quem quer conforto e prazer.
Outra dica importante é cuidar da higiene íntima com carinho. Nada de sabonetes agressivos ou excesso de limpeza. O ideal é manter o equilíbrio natural da flora vaginal. Escolha roupas íntimas de algodão, evite calcinhas muito apertadas e seque sempre bem a região íntima após o banho.
E, claro, fazer check-up ginecológico regular, principalmente se você já teve algum sintoma. Conversar com seu médico de confiança, sem tabus, é o caminho para cuidar da sua saúde íntima e prevenir problemas como a fissura vaginal.
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Você merece viver sua intimidade com prazer e sem dor!
Se tem algo que eu sempre repito em consulta é: nenhuma mulher deve sentir dor para ter prazer. Fissura vaginal não é normal, não é “frescura”, e sim um sinal do corpo pedindo ajuda.
Se você está passando por isso, saiba que existe tratamento e você não precisa enfrentar essa dor sozinha. E o mais importante: com o cuidado certo, o seu corpo pode se regenerar, e você pode voltar a viver sua sexualidade de forma leve, feliz e sem medo.
Se quiser conversar sobre isso, te convido a agendar uma consulta comigo. Vamos olhar para o que seu corpo está dizendo e pensar nas melhores formas de cuidar de você. Porque você merece carinho, saúde e prazer.