Síndrome Pré-Menstrual (TPM) e transtorno disfórico pré-menstrual (TDPM): diferenças e tratamentos

Muitas mulheres convivem com a TPM e TDPM achando que o sofrimento mensal é algo normal e inevitável. Como ginecologista, eu vejo como esses sintomas afetam a vida, o trabalho e os relacionamentos de vocês. Infelizmente, a sociedade muitas vezes faz piada com algo que causa dor real e atrapalha a rotina.

Eu quero explicar o que acontece no seu corpo e mostrar que existe vida sem esses incômodos. Não é frescura e nem falta de controle emocional, mas sim uma reação biológica do seu organismo. A informação correta é o primeiro passo para você retomar o controle do seu bem-estar.

Abaixo, te mostro que você não precisa passar metade do mês se sentindo mal ou triste. Vamos entender como o seu ciclo menstrual funciona e como podemos aliviar esses sintomas.

Entendendo as diferenças básicas

Entender a diferença entre TPM e TDPM muda totalmente a forma como buscamos ajuda e tratamento médico. A TPM, ou Tensão Pré-Menstrual, atinge a maioria das mulheres com sintomas físicos e emocionais leves. Você sente inchaço, irritabilidade ou vontade de comer doces, mas segue sua vida normalmente.

Já o TDPM, ou Transtorno Disfórico Pré-Menstrual, é uma condição muito mais severa e incapacitante. Ele afeta cerca de 3% a 8% das mulheres e causa sintomas psíquicos graves. A tristeza profunda, a raiva extrema e a desesperança surgem e impedem você de trabalhar ou estudar.

A principal distinção está na intensidade e no impacto que esses sintomas causam no seu dia a dia. Enquanto a TPM incomoda, o TDPM paralisa e prejudica severamente suas relações pessoais e profissionais. Se você sente que “vira outra pessoa” antes de menstruar, precisamos investigar isso com atenção.

O que acontece no corpo: a fisiologia

Os sintomas da TPM e TDPM aparecem na fase lútea, ou seja, depois que você ovula. Nessa fase, o estrogênio cai e a progesterona sobe rapidamente para preparar o útero. Se não há gravidez, a progesterona cai bruscamente e a menstruação desce.

O problema não é apenas a flutuação hormonal, mas como o seu cérebro reage a ela. Mulheres com TDPM têm uma sensibilidade genética anormal a essas mudanças naturais dos hormônios ovarianos. O cérebro não consegue lidar bem com a queda da alopregnanolona, um metabólito da progesterona.

Essa substância deveria acalmar o cérebro, mas nessas pacientes ela falha em modular o sistema GABA. Além disso, ocorre uma queda na serotonina, o neurotransmissor que regula o humor e o bem-estar. Essa “tempestade perfeita” química causa a explosão de sintomas emocionais que você sente.

Sintomas físicos e emocionais: como identificar

O diagnóstico correto de TPM e TDPM exige que eu analise seu diário de sintomas por dois meses. Na TPM, as queixas físicas são muito comuns e fáceis de perceber no corpo. A dor nas mamas, a dor de cabeça e a retenção de líquido são clássicas.

No TDPM, o quadro se parece muito com uma depressão ou transtorno de ansiedade, mas tem data para acabar. Os sintomas incluem:

  • Sentimento de desesperança ou autodepreciação.
  • Ansiedade extrema, tensão ou sensação de estar “no limite”.
  • Alterações bruscas de humor, choro fácil ou sensibilidade à rejeição.
  • Raiva persistente, irritabilidade e aumento de conflitos interpessoais.

É fundamental observar que esses sintomas somem completamente poucos dias após o início da menstruação. Se a tristeza ou a ansiedade continuam o mês todo, provavelmente não é uma questão apenas hormonal. Por isso, a avaliação médica detalhada é essencial para diferenciar de outros transtornos psiquiátricos.

Tratamentos e o papel da ciência

Existem tratamentos eficazes para TPM e TDPM que devolvem sua qualidade de vida e bem-estar. Para casos leves de TPM, mudanças no estilo de vida funcionam muito bem e trazem alívio rápido. A prática de exercícios físicos regulares aumenta a endorfina e ajuda a regular o humor naturalmente.

Para o TDPM, muitas vezes precisamos de intervenção medicamentosa para corrigir a química cerebral. Uma importante revisão sistemática da Cochrane Library, uma das fontes mais respeitadas da medicina baseada em evidências, confirmou a eficácia dos inibidores de recaptação de serotonina. Esses medicamentos, em doses baixas e uso contínuo ou cíclico (apenas nos dias sintomáticos), melhoram muito a irritabilidade e a depressão.

Além disso, o uso de anticoncepcionais contínuos pode ser uma ótima estratégia para algumas pacientes. Ao bloquearmos a ovulação, evitamos a flutuação hormonal que serve de gatilho para as crises. Suplementos como cálcio, magnésio e vitamina B6 também mostram benefícios comprovados em estudos clínicos.

Não normalize a dor

Você não precisa aceitar o sofrimento cíclico como parte da sua vida de mulher, viu? Não normalize a dor causada pela TPM e TDPM, pois você merece viver bem o mês todo. O reconhecimento do problema é o primeiro passo para a cura e o equilíbrio.

Eu estou aqui para validar o que você sente e oferecer as melhores opções de cuidado. A medicina evoluiu e hoje temos recursos para que seus hormônios não controlem sua felicidade. Vamos olhar para a sua saúde de forma integral e buscar a melhor solução para você.

Vamos juntas transformar sua saúde e recuperar sua tranquilidade durante todo o ciclo menstrual. Se você se identificou com os sintomas, agende sua consulta e vamos conversar.