A vagina na menopausa é um dos temas mais importantes e, ainda assim, um dos menos discutidos quando falamos sobre essa fase da vida da mulher. Enquanto os fogachos e as alterações de humor ganham os holofotes, a saúde íntima muitas vezes fica em segundo plano, cercada de dúvidas e silêncio. Muitas mulheres sentem desconforto, ressecamento ou dor, mas acreditam que isso é simplesmente uma sentença do envelhecimento.
Quero começar nossa conversa te dizendo que não, você não precisa aceitar o desconforto como normal. O que acontece com a vagina na menopausa é um processo fisiológico, sim, mas que hoje tem soluções modernas e muito eficazes. Entender o que está acontecendo com seu corpo é o primeiro passo para resgatar o conforto, a confiança e o prazer na sua vida íntima.
Meu objetivo aqui é exatamente este: explicar de forma simples por que essas mudanças ocorrem e te apresentar os caminhos de cuidado que a ginecologia moderna, especialmente a regenerativa, pode oferecer. Esta é uma nova fase da sua vida, e ela pode e deve ser vivida com plenitude e bem-estar em todos os sentidos.
O que acontece com a vagina na menopausa? A causa raiz
Para entender as mudanças, precisamos falar sobre o principal agente dessa transformação: o estrogênio. Esse hormônio, que diminui drasticamente na menopausa, é o grande responsável pela saúde e vitalidade dos seus tecidos íntimos.
A queda do estrogênio e seu impacto no tecido vaginal
O estrogênio atua como um maestro para a saúde da sua vagina. Ele:
- estimula a produção de colágeno, que dá firmeza ao tecido;
- garante a presença de glicogênio, que alimenta as bactérias boas da flora vaginal;
- e mantém um bom fluxo sanguíneo, que assegura a lubrificação e a elasticidade.
Quando o estrogênio diminui, todo esse sistema fica defasado. O resultado é um tecido que se torna mais fino, mais frágil, menos elástico e mais seco.
A síndrome geniturinária da menopausa (SGM)
Antigamente, usávamos o termo “atrofia vaginal” para descrever essas mudanças. Hoje, preferimos um termo mais completo e preciso: Síndrome Geniturinária da Menopausa (SGM).
A SGM engloba não apenas os sintomas vaginais, mas também os urinários e sexuais que surgem da queda do estrogênio. Essa é uma definição mais ampla e que reflete melhor a experiência da mulher, conforme explicado em guias para pacientes por autoridades como a The North American Menopause Society (NAMS).
Os sinais mais comuns: o que você pode sentir
A SGM se manifesta através de um conjunto de sintomas que podem impactar muito sua qualidade de vida. Reconhecê-los é fundamental.
Sintomas vaginais
- Ressecamento: a falta de lubrificação é constante, não apenas durante a relação.
- Ardência e coceira: o tecido fino e seco fica mais irritável.
- Dor na relação sexual (dispareunia): talvez o sintoma mais angustiante. A falta de elasticidade e a secura podem tornar a penetração extremamente dolorosa, um tema que aprofundamos no artigo sobre dor na relação sexual.
Sintomas urinários
- Urgência para urinar: a necessidade de ir ao banheiro se torna mais frequente e intensa.
- Infecções urinárias de repetição: a mudança no pH vaginal e a fragilidade do tecido da uretra facilitam a proliferação de bactérias.
- Escapes de urina: a perda de sustentação dos tecidos pode levar a pequenos vazamentos, sobre os quais falamos mais no artigo sobre escapes de urina.
Muito além dos lubrificantes: soluções que tratam a causa
Lubrificantes e hidratantes vaginais são ajudas importantes, mas eles apenas aliviam os sintomas temporariamente. Para um resultado duradouro e para a saúde da vagina na menopausa, precisamos de tratamentos que atuem na causa raiz: a saúde do tecido.
A terapia hormonal local ou sistêmica
Para muitas mulheres, a reposição hormonal, seja com cremes vaginais de baixa dose ou de forma sistêmica, pode ser uma excelente opção.
Ela devolve ao corpo o estrogênio que está faltando, revertendo muitos dos sintomas da SGM. A indicação deve ser sempre individualizada, avaliando os riscos e benefícios em uma consulta detalhada.
Ginecologia regenerativa: recuperando a saúde do tecido
Aqui é onde a ginecologia moderna realmente brilha, oferecendo soluções para mulheres que não podem ou não querem fazer reposição hormonal.
A ginecologia regenerativa utiliza tecnologias para estimular o seu próprio corpo a produzir colágeno e a restaurar a vitalidade do tecido vaginal. Isso inclui o tratamento para a flacidez vaginal.
Laser íntimo para estimular colágeno
O laser atua na parede da vagina, emitindo uma energia que aquece o tecido de forma controlada. Esse estímulo faz com que as células (os fibroblastos) voltem a produzir colágeno e elastina.
O resultado, após algumas sessões, é um tecido mais espesso, mais hidratado e mais elástico, combatendo diretamente a causa do ressecamento e da dor.
Ácido hialurônico para hidratação profunda
Assim como no rosto, podemos aplicar ácido hialurônico na mucosa vaginal. Ele atua como uma esponja molecular, atraindo e retendo água, o que resulta em uma hidratação profunda e duradoura. Isso melhora o conforto diário e a elasticidade, tornando a relação sexual mais prazerosa.
Cuidar da vagina na menopausa é cuidar da sua saúde
A mensagem que eu quero que fique para você é que a chegada da menopausa não significa o fim do conforto, do prazer e da sua vida íntima. Pelo contrário, pode ser o início de uma fase de maior autoconhecimento e autocuidado.
Cuidar da saúde da vagina na menopausa é tão importante quanto cuidar da saúde do seu coração ou dos seus ossos.
Meu papel como sua médica é ser sua parceira de saúde nesta nova etapa. É te mostrar todas as opções disponíveis, desde as mais simples até as mais tecnológicas, para que você possa fazer escolhas informadas. Podemos criar um plano de cuidados que te devolva a confiança e o bem-estar que você merece.
Se você está passando por essas mudanças e deseja uma abordagem que olhe para você de forma integral e ofereça as soluções mais modernas, agende uma consulta pelo botão abaixo. Vamos conversar sobre como podemos cuidar da sua saúde íntima para que você viva o melhor da sua maturidade com alegria, conforto e liberdade.