A dúvida sobre o uso de lubrificante na relação sexual é extremamente comum, e a resposta curta e direta é: sim, é mais do que indicado, é um ato de cuidado e inteligência com o seu corpo e o seu prazer.
Existe um tabu enorme e uma ideia equivocada de que a mulher deve estar “pronta” e com lubrificação perfeita em todos os momentos. Isso é um mito que pressiona e gera frustração.
A verdade é que a lubrificação natural feminina varia imensamente por diversos fatores: fase do ciclo menstrual, níveis de estresse, cansaço, uso de medicamentos e até a pressa do dia a dia.
Usar um lubrificante na relação sexual não é um atestado de que algo está errado com você. Pelo contrário, é uma ferramenta para garantir que a experiência seja sempre confortável, prazerosa e segura, independentemente das flutuações do seu corpo.
Por que usar lubrificante? muito além do ressecamento
O motivo mais óbvio é aliviar o desconforto quando a lubrificação natural não é suficiente, como nos casos de dor na relação sexual. No entanto, os benefícios vão muito além.
Aumentando o prazer e o conforto para todos
Menos atrito significa mais conforto e, consequentemente, mais relaxamento para se entregar ao momento. Um bom lubrificante na relação sexual permite que os movimentos sejam mais fluidos e deslizantes, intensificando as sensações tanto para a mulher quanto para seu parceiro ou parceira. Ele pode, inclusive, ser um convite para explorar novas sensações e tipos de toque.
Prevenindo fissuras e desconfortos
A falta de lubrificação adequada é uma das principais causas de pequenas fissuras e microlesões na mucosa da vagina e na pele da vulva. Essas lesões, além de dolorosas, podem servir como porta de entrada para infecções. Portanto, o uso de lubrificante na relação sexual é também uma medida de proteção e prevenção, mantendo a integridade e a saúde da sua pele íntima.
Uma necessidade em fases específicas da vida
Existem momentos em que a lubrificação natural fica fisiologicamente comprometida. No pós-parto e durante a amamentação, os níveis hormonais causam um ressecamento temporário. Na menopausa, a queda do estrogênio torna o ressecamento uma queixa muito comum. O uso de certas pílulas anticoncepcionais também pode ter este efeito. Nessas fases, o lubrificante não é apenas um acessório, mas um item fundamental para a saúde e o conforto.
Os tipos de lubrificante: entendendo as diferenças
A escolha do produto certo depende da finalidade e das suas preferências. Existem basicamente três tipos no mercado.
À base de água: o coringa da lubrificação
São os mais comuns e versáteis. Por terem uma composição semelhante à lubrificação natural, são bem tolerados pela maioria das pessoas e não causam irritação.
- Vantagens: são seguros para usar com preservativos de látex e com todos os tipos de brinquedos sexuais. Além disso, são fáceis de limpar, saindo apenas com água.
- Desvantagens: podem secar um pouco mais rápido, exigindo reaplicação durante a relação.
À base de silicone: longa duração e toque sedoso
Esses lubrificantes têm uma textura mais densa e um toque aveludado. Eles não são absorvidos pela pele, criando uma camada deslizante que dura muito mais tempo.
- Vantagens: duram muito mais que os de água e são à prova d’água, ótimos para o chuveiro.
- Desvantagens: não devem ser usados com brinquedos de silicone, pois podem danificar o material. Também são mais difíceis de limpar, exigindo água e sabão.
À base de óleo: atenção às contraindicações
Podem ser óleos naturais (como o de coco) ou sintéticos. Eles oferecem uma lubrificação excelente e duradoura.
- Vantagens: ótima durabilidade e sensação natural.
- Desvantagens: a principal é que eles destroem preservativos de látex, aumentando o risco de gravidez e infecções sexualmente transmissíveis. Por isso, só devem ser considerados por casais que não usam esse método de proteção.
O que olhar no rótulo?
Aqui está o segredo que pouca gente conta. Um bom lubrificante na relação sexual não deve conter ingredientes que possam agredir o seu corpo.
A importância da osmolalidade
Osmolalidade é um termo que mede a concentração de partículas em um fluido. Lubrificantes com alta osmolalidade (hiperosmolares) podem “puxar” a água das células da sua vagina, deixando o tecido desidratado e mais propenso a irritações e infecções. O ideal é procurar por produtos “isotônicos” ou com “osmolalidade fisiológica”, que respeitam o equilíbrio natural do seu corpo. Essa preocupação é tão séria que a Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou diretrizes sobre as características de um lubrificante seguro.
Ingredientes para evitar
- Glicerina: embora comum, em altas concentrações pode aumentar a osmolalidade.
- Parabenos: conservantes que podem causar alergias e desequilíbrios hormonais.
- Fragrâncias e sabores: potenciais causadores de irritação e alergias. A sua vagina não precisa ter cheiro de morango.
- Nonoxynol-9: um espermicida que é conhecido por causar irritação na mucosa vaginal. A escolha de um bom lubrificante na relação sexual passa por ler o rótulo com atenção.
Um ato de cuidado e prazer
Espero que esta nossa conversa tenha desmistificado o uso do lubrificante na relação sexual. Ele não é um sinal de falha, mas sim uma ferramenta inteligente para uma vida sexual mais prazerosa, confortável e segura para todas as pessoas, em todas as fases da vida.
Incluir um lubrificante na sua rotina de intimidade é um ato de autocuidado e de cuidado com a parceria. É se dar a permissão para que toda experiência seja a melhor possível, sem depender das flutuações naturais do corpo. É colocar o seu conforto e o seu prazer em primeiro lugar.
Se você sente dor, desconforto ou simplesmente quer uma orientação personalizada para escolher os produtos mais adequados para você, agende uma consulta. Vamos conversar abertamente, sem tabus, e encontrar os melhores caminhos para a sua saúde e o seu bem-estar íntimo.